Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?
Foto: Freepik Prostooleh
Escrito por Rossana Perassolo
Para milhões de crianças e adolescentes no Brasil, hoje é o primeiro dia de escola do ano. Seja para começar essa experiência escolar, seja para retornar e rever os amigos, ou para começar em uma nova escola, com novos colegas e novos professores.
Aqui em casa esse recomeço foi na semana passada e, apesar do último dia de férias ter sido bem cheio e terem ido dormir relativamente tarde, quando eu disse “hora de acordar, primeiro dia de escola” às 5:30 da manhã, Leo e Carol abriram os olhos na hora e sorriram. Logo sentaram-se na cama e começaram a tagarelar suas expectativas e a dizer que agora “já tem 4 anos” e que agora “já estão no Infantil 3”, e por aí vai.
Filho dos meus amigos @Bianca Sampaio e @Tiago Andrade, o Miguel, que tem praticamente a mesma idade do Leo e da Carol, não precisa acordar tão cedo, já que a aula começa só às 13hs. Mas às 6hs já estava de pé, ansioso pelo primeiro dia hoje.
Quando a Bianca me contou isso, me lembrei de quantas vezes essa discussão veio à tona, com outras pessoas, momentos diversos. De sair da cama antes do alarme tocar, cheio de ânimo e de vontade de viver, de experimentar, de curtir cada minuto. Frio na barriga, muitas vezes, um certo nervosismo, talvez, depende da circunstância. Mas um sorriso de canto de boca, a cabeça fervendo com possibilidades, já organizando a lista de coisas para fazer acontecer (mentalmente ou por escrito, cada um à sua maneira).
Fazer coisas novas sempre nos mantém em movimento. Aqui vão algumas razões pelas quais eu acho que vale à pena – e são as minhas razões, fique livre para agregar as suas nos comentários:
- Auto-motivação: buscar coisas que você possa gostar de fazer, fora da sua rotina normal, pode trazer um novo gás para o seu dia-a-dia. Há alguns estudos que dizem que talvez estejamos hoje carregando um peso muito grande no trabalho quando queremos que ele nos traga tanta realização e propósito. Não está mal querer ser feliz com o trabalho, o alerta está em querer ser feliz APENAS com ele. Há muito mais na vida do que trabalho, então buscar fazer coisas novas pode preencher uma lacuna que você vem buscando no trabalho, sem sucesso. Quando essa satisfação é encontrada na vida pessoal, o trabalho também ganha em produtividade e passa a ser visto de uma forma muito mais leve e prazerosa.
- Resgate da criança interior: às vezes penso que somos o que somos, de maneira atemporal. Quando adultos, costumamos nos referir às crianças quase como que à outra espécie. Claro que há coisas que podemos ou não fazer em cada etapa da vida, mas muitas delas são permitidas durante toda a nossa existência e nós nos podamos dessa vivência e das consequências positivas que ela traz. Curiosidade, persistência e empolgação são características para carregar por toda a vida, como força motriz.
- “Oxigenar as ideias”: fazer coisas novas, de formas novas, sempre, dá uma mensagem ao seu cérebro de que ele pode percorrer novos caminhos, encontrar novas saídas. Abre o seu leque de soluções, de possibilidades. Caso real de um cliente meu: alto executivo, com desafios gigantes na grande corporação que ele dirige. Escolheu fazer um curso de música para aprender a tocar um instrumento, ao invés de fazer mais um curso de negócios e gestão de pessoas. Saiu da caixa na vida pessoal, relaxou, se conectou mais com ele mesmo, passou a buscar novos caminhos para os desafios que via na empresa. Geralmente funciona assim.
- Humildade: quando estamos há muito tempo fazendo as mesmas coisas, começamos a ficar relativamente bons no que fazemos, é bom começarmos algo novo para vermos que não sabemos tanto assim, não de tudo. Aquele sentimento “nossa, como eu sou ruim!” pode trazer grandes benefícios. Humildade, observação, respeito pelos outros. Respeito até pelo próprio ritmo de aprendizado. Principalmente, estar alerta para aprender sempre. Ninguém é tão bom em algo que não possa aprender um pouco mais a cada dia, ou fazer de uma forma diferente.
- Admiração própria: aqui é o contrário do de cima, depende do seu perfil. Às vezes você precisa dessa injeção de ânimo, e de lembrar que temos processos na vida. Começamos sem saber fazer muitas coisas e vamos aprendendo, até ficar bons, ou até excelentes. Se você está lendo este artigo, você é fluente em pelo menos um idioma. Aprender a falar, andar, correr, fazer algum esporte, fazer um laço, escrever, e tantas outras coisas, exigiram dedicação, treino, tombos e retomadas, até que desse certo. Tentar algo novo é legal também quando se olha pra trás e vê o quanto já se fez.
Pode ser algo como saltar de paraquedas, mudar de País, iniciar uma nova carreira, mas pode também ser algo como pegar um caminho diferente pra casa, escutar uma playlist diferente, almoçar com alguém com que não tem tanto contato no escritório. Não vou classificar esses feitos como grandes ou pequenos, porque cada um sabe como é para si. Mas faça. Comece.
Os benefícios são inúmeros. Se jogue!
E então, quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?
Feliz segunda-feira ?
Artigo publicado no LinkedIn.
Rossana Perassolo é Mentora e Master Coach formada pela Sociedade Brasileira de Coaching, com especializações em psicologia positiva, carreira, leader, executive, business, mentoring, personal & professional coaching. Certificações internacionais pela Association for Coaching (AC) e pelo Institute of Coaching Research (ICR). Analista comportamental formada em teorias DISC e motivadores pela TTI Success Insights. Analista comportamental formada em DISC, attributes & values pela IMX Innermetrix. Formada em publicidade e propaganda pela UFMT, com MBA em marketing pela ESPM. Por 15 anos atuou em grandes multinacionais da indústria de tecnologia da informação, 12 deles liderando times em todos os continentes, especialista em implementar, desenvolver e manter times de alta performance em diferentes países.