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Sobre mim. Sobre limites. Talvez sobre você.

Foto: Freepik | Wellington Paupério

Escrito por Rossana Perassolo

Para muita gente o ano só começa depois do Carnaval. Me lembra aquela música do Jota Quest – Dias Melhores – e vivemos esperando, o dia em que seremos melhores. Quando tiver um emprego melhor; quando os filhos crescerem; e quando a empresa finalmente prosperar. Antes disso? Coloca os sonhos “on hold”. Tem que esperar as outras coisas acontecerem (coisas que geralmente não dependem de si).

Passei o Carnaval na casa dos meus pais, na cidade onde vivi dos sete aos 23 anos. Período de folia para alguns, descanso para outros e reflexão também, por que não?

Tive o privilégio de nascer em uma família extremamente amorosa e ser criada em uma rua com vizinhos que ampliaram ainda mais a importância de valores e princípios dentro e fora de casa. É para esse cenário que eu volto quando visito meus pais e agora, também, a família do meu irmão.

Pensar no tempo em que vivia lá é como se eu visitasse a mim mesma no passado. É possível voltar a sentir o que sentia, as mesmas inseguranças sobre o quanto eu poderia realizar, o leque tão pequeno de opções, com tão poucas possibilidades, um poço de baixa auto-estima e mais baixa auto-confiança ainda. Era como ter sonhos com um teto, com limites baixos. Para esclarecer: isso não tem a ver com o lugar onde cresci e sim com um período da minha vida e minhas próprias incertezas.

Visito tão pouco essa criança e adolescente que fui, que acabo perdendo alguns detalhes importantes. Aos 15 anos eu só sabia que queria viajar muito, conhecer o mundo, morar fora do Brasil, trabalhar com outras culturas, mas não tinha ideia de como faria isso e, na verdade, nem me passava pela cabeça esse tipo de detalhes. E não era o tipo de ideia fixa, que eu pensava o tempo todo, mas sim algo que vez ou outra vinha, quase como aquele pensamento bom que me visitava em momentos livres: só sei que é o que quero (nem poético, nem estratégico, nada de nada). Eu viajava quase nada no Brasil e nem o vizinho Paraguai eu conhecia, então achava meio utópico esse sonho, mas o alimentava mesmo assim.

Quando era adolescente ou até em início de carreira, nunca sonhei chegar tão longe profissionalmente. Não sou exemplo de nada, mas tive uma carreira que eu curti MUITO (e continuo curtindo). Hoje tenho plena consciência que cheguei até onde me permiti chegar. Fui “mirando”, chegando, caminhando, um passo de cada vez, fui realizando tudo o que quis e fui querendo cada vez mais e melhor. Filha e neta de workaholics, trabalhar muito nunca foi problema. Minha carreira me ajudou a realizar o sonho da experiência intercultural, conhecer muitos países, ter times em diferentes continentes, responsabilidades enormes e realização profissional e pessoal diretamente proporcionais. E vieram outros sonhos, mais trabalho, mais realizações. Algumas vezes o que precisei fazer foi não fazer nada, o que é o mais difícil… esperar, dar tempo ao tempo. As coisas vão se formando à medida que eu me formo também. Bem curioso isso.

 

“Comece onde você está, use o que você tem e faça o que você pode.”

– Arthur Ashe

 

Continuo no fluxo de decisão, estratégia e trabalho para chegar onde quero. Às vezes, a Rossana de 18 anos volta à cena com uma ou duas alternativas, às vezes sem alternativa alguma para uma situação qualquer ou para algo importante (e quem sabe a diferença entre um e outro, de verdade?). O que eu preciso, de verdade, é só começar. O meu ano, aliás, começou dia 1o de janeiro mesmo, e tem sido bem produtivo desde então.

Por isso, autoconhecimento é tão importante: para saber suas forças mas também seus limites. Pois é, eu falando de limites. Entender os próprios limites e agir de acordo com eles tem a ver com auto-respeito. Usar suas forças para desafiar-se e ir desenvolvendo-se para atingir seus objetivos de vida, ampliando seus limites tem a ver com amor próprio. Porque se paralisar por algo que quer muito, com a justificativa de que “não consegue” é auto-sabotagem. Pode levar tempo, mas sempre dá pra ser melhor que ontem e isso já é um avanço. Nunca gostei de me render aos meus limites (e tenho muitos) para justificar qualquer possível não ação. Já colhi bons e maus frutos por isso, e aprendizado em tudo.

Essa frase tem sido um guia para desafiar os meus próprios limites:

 

“Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem ‘Por quê?’

Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo ‘Por que não?'”

– George Bernard Shaw

 

Por diversos momentos na vida me pergunto “qual foi o conjunto de decisões que eu tomei que me trouxeram a este exato momento?“. E percebo como absolutamente tudo o que me acontece depende de mim, de uma forma ou de outra.

 

Hoje escrevi sobre sobre mim e sobre os meus limites, nada sobre você. Será?

 

Artigo publicado no LinkedIn.

Rossana Perassolo é Mentora e Master Coach formada pela Sociedade Brasileira de Coaching, com especializações em psicologia positiva, carreira, leader, executive, business, mentoring, personal & professional coaching. Certificações internacionais pela Association for Coaching (AC) e pelo Institute of Coaching Research (ICR). Analista comportamental formada em teorias DISC e motivadores pela TTI Success Insights. Analista comportamental formada em DISC, attributes & values pela IMX Innermetrix. Formada em publicidade e propaganda pela UFMT, com MBA em marketing pela ESPM. Por 15 anos atuou em grandes multinacionais da indústria de tecnologia da informação, 12 deles liderando times em todos os continentes, especialista em implementar, desenvolver e manter times de alta performance em diferentes países.

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